terça-feira, 23 de novembro de 2010

5 letras incompreensíveis de 5 boas músicas (mais bónus)

Não vou falar de letras inteiras, mas de uma frase dentro de cada uma das letras. Sendo que cada uma dessas frases é a frase mais importante da respectiva letra.

Claro que não incluo Beatles, se não podia fazer uma lista tão grande quanto o número de músicas que eles lançaram.
Vou começar pelo bónus. Não é tanto uma "menção honrosa", já que a música não é...honrosa. Mas mais uma "menção de não fazia a mínima ideia de onde havia de meter isto, tentei enfia-la aqui". Agora que leio melhor, se calhar é melhor "menção (des)honrosa". Antes um trocadilho fácil do que um título de gosto duvidoso, não é?



BÓNUS

Menção de não fazia a mínima ideia de onde havia de meter isto, tentei enfia-la aqui Menção (des)Honrosa

U2 - Sunday Bloody Sunday

Tudo bem, eles nunca fizeram nada de especial na vida (a não ser que tenham sido eles próprios a comprar os álbuns todos que venderam, aí sim eles até impressionavam).
O ano era 1983, os U2 deviam ter algum tipo de pressão sobre o que fazer a seguir, para conseguir acertar em cheio no jackpot das vendas. E então fizeram o que deviam ter feito há muito tempo atrás; criaram um novo álbum inovador, cheio de energia, originalidade e poder musical. Claro que estou a mentir. O que eles fizeram foi uma música de intervenção. Claro que estou a exagerar. O que eles fizeram foi uma música qualquer e meter um conjunto de frases que rimassem entre si que fosse reminiscente sobre um acontecimento trágico qualquer. Eles são irlandeses, porque não falar sobre a única coisa que aconteceu na Irlanda? E já que estavam a lançar um álbum, chamem-lhe War! E metam uma criança na capa. "So clever" devem ter pensado na altura.
Estes gajos têm tanto de valor artístico como têm de subtileza.

A música não tem nada de jeito, talvez boa pelos padrões de U2, sim, mas inacreditavelmente inócua para uma música de intervenção.
Mas o verdadeiro problema está aqui:

How long! How long must we sing this song?

Está aqui! Uma maneira eficaz de parar com muitos males do mundo. "Ou param de matar gente, ou nós continuamos a cantar esta música". Porra, Bono, se é isso que é preciso, eu paro de matar gente! Mas, Bono, sinceramente...era preciso recorreres a terrorismo?


Agora sim, e sem me demorar muito, que tenho coisas combinadas:


#5

Guns 'N' Roses - November Rain


Lembro-me de ter uns 6 ou 7 anos e desta música estar sempre a dar na MTV.

Eu olhava pasmado para o ecrã a perguntar-me se algum dia podia ser como aquele cabeludo que está no meio do casamento e, desconfortável na capela, levanta-se para ir lá fora dar um solo! Como quem se levanta para ir aflito à casa de banho. Isso é ter o rock nas veias.
Talvez uma música chata nalguns momentos e, se bem me lembro, marca o começo da queda dos guns n roses (ou melhor, da ascensão do ego do Axl Rose, porque os Guns N Roses inda lhe deram uns tempos).

Não me lembro bem da letra, mas há uma parte que não entendo:

Nothing lasts forever | Even cold November Rain

Para os menos dotados na língua de sua majestade, a tradução é "Nada dura para sempre | Nem mesmo a chuva fria de Novembro". Ó Axl. Tu nunca nos mentirias. É verdade. A chuva fria de Novembro não dura para sempre. Deve durar, sei lá...cerca de...30 dias no máximo dos máximos? Já que Novembro tem 30 dias.
O aparato todo que é dado à música só piora tudo.
 Uma música com narrativa, com mudanças emocionais, com uma progressão. Com um solo que nunca mais acaba. Com um climax. Com NOVE minutos. Com um videoclipe sobre uma história de amor, com casamento e com ela a morrer na própria boda (aparentemente imune à chuva, deviam ter pensado nisso quando marcaram um casamento ao ar livre em Novembro). Mas que afinal era tudo um sonho. Ou quero lá saber o que era.
 O que interessa aqui é que eles tentaram meter um grande épico. E sabem o que é que não se deve fazer em grandes épicos? Meter frases como "Nothing lasts forever, even cold November rain". Isso é tão válido como "nada dura para sempre, nem sequer o que acontece entre dia 23 de março e 22 de abril".
Quem é que mete uma coisa tão óbvia em algo com um conceito supostamente tão grandioso?

                                    "I wish I could just wish away my feelings"


#4

David Bowie - Space Oddity

Esta é uma grande música que teve o infortúnio de ser utilizada na transmissão do Apolo 11 (aquele que dizem que não aterrou na lua). Infortúnio porque é uma canção bem feita, com uma história para contar, quase como se fosse uma curta "cega" (viram? há filmes mudos, eu disse que isto era como se fosse um filme cego). Só que a música canta acerca de uma viagem espacial, que depois dá para o torto, acabando o personagem principal por vaguear no espaço. Reconfortante meter isso durante a alunagem, não?
Mas o pior acontece aqui:

Planet Earth is blue, and there's nothing I can do.

Espera. O quê? Isso significa o quê? Ele estava a vaguear pelo espaço e a única coisa que lhe passava pela cabeça era "se pudesse, esvaziava os oceanos". É que acho que quando chega a altura em que viajamos no espaço, já se deve saber que o nosso planeta tem essa cor por causa dos oceanos. Principalmente se ele teve que estudar astronomia a vida toda. O que é que ele ia mesmo fazer nessa missão espacial? Afinal ele era um super-vilão em demanda para nos roubar o precioso H20?
Ele podia ter cantado tanta coisa diferente. Porquê isto?




                                Se calhar o azul fica mal ao Cameleão do Rock




#3


Smashing Pumpkins - Bullet With Butterfly Wings


Lembro-me em 95, eu tinha apenas 10 anos e fui com os meus pais a Londres. Fui a uma loja de CD's, penso que uma Virgin Megastore. Tal como havia secções como "hard rock", "classic" ou "jazz", havia também uma secção chamada "Mellon Collie and the Infinite Sadness". E o problema é que era a maior secção da loja. Este álbum é o magnus opum dos Smashing Pumpkins e, com a excepção de uma ou duas músicas, tudo o que eles fizeram antes e depois deste álbum é totalmente irrelevante.
Este álbum tinha tudo, rock pesado, piano clássico, momentos espaciais...Podia continuar, mas não vou porque já disse que "tinha tudo". E a voz do Billy Corgan ainda não era insuportável na altura, nem dava aquela impressão de que eles...tentavam demasiado.

Excepto quando já os conheces, e olhas para trás e voltas a ouvir o álbum. Sim, sem dúvida foi algo diferente do que tinha sido feito até ali. Revolucionário, dos álbuns mais voláteis até hoje. E, numa das suas músicas de eleição, uma música que está nas 100 melhores da Vh1 do género Hard Rock, temos...


The world is a vampire

...O quê?!
Billy...como é que o mundo pode ser um vampiro?
Fui ao dicionário inglês ver se havia algum significado da palavra que desconhecia. Nada.
Portanto, Billy, dizes-nos que: a) o mundo é uma criatura mitológica não-viva que se diz que se alimenta de sangue human; b) o mundo sofre de vampirismo (Systemic lupus erythematosus); c) o mundo é um roedor alado que se alimenta do sangue de mamíferos maiores.

Digo isto sem investigar, mas aposto que haverá mais frases incompreensíveis nas letras deste álbum (muitas mais). Mas era preciso COMEÇAR uma música que havia de ser lançada como single, com essa frase ANTES dos instrumentos todos? Isso é o tipo de cenário que atrai demasiada atenção a essa frase, não?

Cereja no topo do bolo: segundo o Billy Corgan, ele ainda tem uma cassete de 1993 em que eles tocam a parte de "The World is a Vampire" vezes e vezes sem conta. Parece ser uma cassete em que se ouve o careca mais famoso dos Smashing Pumpkins a berrar "THE WORLD IS A VAMPIRE! THE WORLD IS A VAMPIRE! THE WORL..." sem parar, com os outros membros calados e envergonhados como som de fundo.

                                        Representado na imagem: Poesia



#2

Steve Miller Band - The Joker

Esta música é daquelas que simpatiza com o ouvinte quase imediatamente.
Começa logo com Some people call me the space cowboy. Space Cowboy. É daquelas coisas que qualquer puto sonha ser.
Depois continua com Some people call me the gangster of love. Gangster of Love. É daquelas coisas que qualquer adulto sonha ser.
E depois vem:

Some people call me Maurice...'cause i speak of the pompatus of love.

O quê? Há quem lhe chame Maurice...porque ele fala do "pompatus" dos amor? Sabem o que encontrei quando procurei "pompatus" no dicionário? Nada. Não existe. Portanto há quem lhe chame...Maurice (?) porque ele fala do <neologismo qualquer que não explica na música> do amor.
Agora andam apenas a gozar connosco. Mesmo que ele tenha escrito a letra durante um "midnight toking".


#1


The Clash - Should I Stay Or Should I Go


Esta música sofre, para mim, de um efeito que chamo "efeito light my fire". Chamo isso àquelas músicas que em si são boas, mas já foram tão utilizadas, tão utilizadas, que as passo à frente. Isto só funciona se essas bandas tiverem mais músicas boas. Acontece-me isso, por exemplo, com a "Light my Fire" dos The Doors, com a "Killing in the Name" dos Rage Against the Machine, com a "Start Me Up" dos Rolling Stones e, claro, com a "Should I Stay or Should I Go" dos The Clash.
De certeza que conhecem esta música de trás para a frente, escuso de me alongar muito a explica-la.
E a parte da letra a que me refiro, é:

If I go there will be trouble. And if I stay it will be double.





...




Recapitulando: se ele vai, tem sarilhos. Mas se fica, tem o dobro dos sarilhos.

Não percebo muito de matemática, mas parece-me que a resposta é óbvia, e que o Joe responde à sua própria pergunta. Qual é a dúvida dele?

1 comentários:

Carlos Gomes disse...

Legal.

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